Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Por Carlos Redel, jornalista, cinéfilo e comentarista do canal Bode na Sala

Foto: Divulgação.

O Superman dos anos 1970, estrelado por Christopher Reeve, e o Batman criado por Tim Burton e protagonizado por Michael Keaton, do final dos anos 1980, mostraram que a DC Comics era a companhia de histórias em quadrinhos que estava por cima nos cinemas. A Marvel, por sua vez, engatinhava na sétima arte. No entanto, há menos de 10 anos, o jogo virou. A Casa das Ideias estabeleceu seus heróis nas telonas e virou referência em filmes do gênero. Acertando em, praticamente, todos os seus projetos.

Na DC, Christopher Nolan e sua trilogia do Cavaleiro das Trevas conseguiu fazer a empresa sentir, novamente, o gosto do sucesso, depois de anos sem um grande destaque (e diversos fracassos). Querendo um pouco do sucesso de sua rival, foi entregue a Zack Snyder o projeto de levar o Homem de Aço de volta às telonas. Mesmo com algumas polêmicas e erros, o filme foi responsável por abrir as portas para o universo da DC Comics no cinema.

Embora sem um sucesso estrondoso de crítica e bilheteria de Homem de Aço, a empresa ficou satisfeita e anunciou um ousado e promissor projeto: Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Rapidamente, se tornou um dos filmes de super-heróis mais aguardados dos últimos tempos.

Com um orçamento de US$ 250 milhões e um marketing estimado em US$ 150 milhões, o filme tinha a responsabilidade de ser sequência de Homem de Aço e dar seguimento à história de Batman (tudo isso com muito lucro, obviamente). A origem do Homem Morcego se manteve praticamente a mesma, mas, para o diretor, foi necessário contá-la novamente (sério?), para que o público compreendesse que a trilogia de Nolan estava acabada. Além disso, o filme teve que apresentar os membros da futura Liga da Justiça focando, principalmente, na Mulher Maravilha. Era bastante coisa para apenas um filme e isso teve um custo: 151 minutos de duração.

Recheado de câmeras lentas e um visual incrível, Batman vs Superman não foge das características de seu diretor. Porém durante toda a sua duração o filme sofre com um sério problema de foco agravado por um fraco roteiro. Para dar conta de tudo, muitas histórias são jogadas na tela (a maioria desnecessária, diga-se de passagem) e, por consequência, precisam ser resolvidas rapidamente. É muita ambição para apenas um longa-metragem.

No elenco principal, Henry Cavill retorna ao papel de Superman. Como em seu filme solo, consegue atender às necessidades básicas do personagem, sem apresentar grande performance, mas isso não prejudica. Ben Affleck, que foi fortemente criticado ao ser escalado para viver o novo Homem Morcego, se destacou no filme. Não seria injustiça afirmar que seu Batman foi, até o momento, o melhor representado no cinema. O último ponto deste triângulo de super-heróis traz a Mulher Maravilha, vivida por Gal Gadot. A atriz israelense se sai bem no papel. A personagem, porém, é descartável dentro da história de Batman vs Superman.

O grande embate entre os dois heróis que o título sugere é bem realizado, apesar de curto. A justificativa para que seja uma luta “justa” é bem-apresentada e as referências às HQs são bem-feitas. Tudo estilizado. A resolução da briga, por sua vez, é lamentável e pobre. Mesmo com muitos minutos de projeção, tudo precisa ser resolvido rapidamente e isso prejudica bastante o ponto mais alto do longa. A mudança abrupta no comportamento dos personagens é irritante.

Como apresentado nos trailers, os dois heróis que estavam em guerra se juntam com a Mulher Maravilha para um bem maior: derrotar Apocalipse, que foi criado pelo exagerado Lex Luthor (Jesse Eisenberg). O monstro é um dos grandes vilões de Superman e, como tudo, precisa ser finalizado de maneira breve, sem deixar de ser o ponto principal do sacrifício máximo do herói.

Todo o elenco de apoio está muito bem. Amy Adams, mais uma vez, dá vida à constante donzela em perigo Lois Lane; Diane Lane retorna como Martha Kent, que se torna um dos personagens cruciais da história; o Perry White de Laurence Fishburne, apesar de pouco tempo de tela, cumpre novamente bem o seu papel; e Jeremy Irons estreia em grande estilo como um Alfred que é muito mais que apenas um mordomo.

Por fim, entre diversos erros e acertos, Batman vs Superman abre as portas para um novo universo compartilhado de heróis no cinema. Não é ruim como muitos pintaram, mas não é excelente. Seus problemas, apesar de grandes, ainda podem ser reparados nos filmes futuros. As ambições de Snyder, da Warner e dos produtores eram grandes demais para apenas um filme. Mesmo assim, ainda é possível ficar entusiasmado e esperar com ansiedade pelos próximos longas. Afinal, quanto mais filmes de super-heróis, melhor.

Nota: 7/10